Entre a região da Alta Mogiana, interior paulista, e o Sul de Minas, em São Sebastião do Paraíso, José Carlos Gonçalves, 77 anos, cultiva 450 hectares de abacate em seis propriedades. Com pomares em estágios distintos - desde em formação até em produção plena -, o abacaticultor entregou quatro mil toneladas da fruta para o mercado nacional em 2018.
Engenheiro agrônomo formado pela Esalq/USP em 1965, Gonçalves iniciou o plantio de abacate na década de 1980. "Inicialmente o abacate foi plantado com cultura intercalada nas lavouras de café. Com o mesmo manejo, eu produzia abacate e café, com as vantagens de aproveitar os tratos culturais do café, as pulverizações, o calcário". Hoje, ainda segue com as duas culturas.
Em seus pomares são cultivadas duas variedades: a Margarida e a Breda. Segundo o produtor, a Breda é "uma variedade mais delicada, casca lisa e um produto com maior valor comercial, mas difícil de ser produzida, exigindo mais tecnologia". Mundialmente, China, Índia e México, o Brasil também está entre os grandes produtores do mundo desta fruta que tem sua origem provavelmente na América Central.
O mercado está em expansão e cada vez mais produtores rurais têm interesse na fruta. A experiência de Gonçalves e o investimento em tecnologia em seus pomares levou-o a ser uma referência no setor. Com cultivares tardias e alta altitude em suas propriedades em terras mineiras (entre 950 e 1200 metros), ele consegue atrasar a maturação dos frutos e os coloca no mercado na entressafra, entre setembro e dezembro, dando-lhe uma grande vantagem comercial.
As inovações de Gonçalves não ficam apenas no campo. O agrônomo também almeja se tornar uma referência na industrialização da fruta. Na sua fábrica, construída há seis anos, praticamente todas as partes do abacate se tornam algum produto. O caroço da fruta se tornou isca para formicida e um pó para controlar o mosquito da dengue. A polpa originou a produção de óleo que está prestes a ganhar escala comercial, depois de passar por um período de experimentação. "A capacidade de nossa fábrica é de processar 3.600 quilos de frutos de abacate por hora. Trabalhando em turno produz cerca de 2400 litros de azeite/dia", afirma. Estudos vão viabilizar a fabricação de farinha da polpa de abacate, um complemento alimentar. "A farinha de polpa ainda não tem data definida para ir ao mercado. Em 20 de fevereiro, tive reunião no Instituto de Tecnologia de Alimentos sobre o assunto". As novidades não param. "Agora estamos trazendo uma tecnologia do México para fazer bioplástico do caroço do abacate", contou. Com uma fábrica sustentável (reutilizando água e com energia solar), José Carlos Gonçalves conclui: "depois de 53 anos de formado, estou coroando minha carreira com esse projeto (que vai desde o plantio ao processamento) para produzir um dos melhores produtos de abacate do mundo".
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A produção da empresa Flor do Abacate concentra-se em três fazendas localizadas nos municípios de São Sebastião do Paraíso, São Tomás de Aquino e Ibiraci, todos no Estado de Minas Gerais. Outro pólo produtivo encontra-se no município de Cajuru, São Paulo.
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